sexta-feira, 13 de agosto de 2010

POEMA PARA HELOISA

Existe silêncio no toque de uma pedra com outra.
Suavidade, canto, gentileza,
e respeito.
Aprenderam com os séculos assim.
Pelos tempos idos e lambidos, pela água da chuva e pela seca:
Ressecam-se, mobilizam-se, e permanecem.
Há limo e saliva entre as pedras.
Limo grosso... História.
Ali e acolá crescem pequenas vegetações, mais que limo:
Só nos ajudam a não nos escorregar de todo.
Verdes, pequeninas, seguram o nosso "mindinho"
E basta.
Entre as pedras, corre água, de preferência, "bem devagarinho"
Limpa, lava, renova.
As pedras, elas, estão agora, bem lá debaixo do sol gostoso da manhã.
Mas nas noites escuras e sem estrelas, e naquelas (aquelas!!!) das tormentas,
elas, as pedras, não só resistem, fazem o que lhe és dito fazer:
Sustentam.
Ser pedra é ser assim...
Juntas, o quanto possível, e bonitas o quanto nos é permitido.
Falando sério, pedra que é pedra mesmo, não pensa em "boniteza"...
(E, apesar de tudo, estamos, juntos e tão longe da pedra que somos.
Temos mãos para apalpá-las, mas isso não nos adianta de muito.)
Somos pedras, juntas.
Com o limo lodoso e infiltrante, sempre a nos escorregar e a nos trazer de volta.
Somos água pura e límpida, com cristais luminosos, luz dos nossos questionamentos.
Somos pedras secas, desidratadas, as vezes, sem muito a oferecer.
Você me põe pra dormir, eu te ponho pra dormir.
Seguimos, somos.
Pedras.
Sonho nosso sempre foi sermos, nós as pedras, pedras lisas de rio, descendo abaixo junto com o ritmo, a força e o descenso das águas.
Seixos é o nosso nome.
Somos, queremos ser, a suavidade do toque, limadas pela vida.
Com ou sem dor (mais pela dor).
Sem poros.
Mas... somos pedras, juntas, aprendendo... ainda....
Sobrevivendo, graças a nossa natureza de pedras que somos, aos "caldos" das chuvas que descem das serras serras sem nos avisar.
Só Deus sabe como.

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