quinta-feira, 27 de maio de 2010

NIETZSCHE



" O CRESCIMENTO DA SABEDORIA PODE SER MEDIDO EXATAMENTE PELA DIMINUIÇÃO DA AMARGURA."

MÚSICA



A música, como uma das maiores expressões da emoção humana, permite e acolhe a convivência harmoniosa, entre os mais diferentes estilos.

Com essa mesma sabedoria, deveríamos sentir e viver a vida, sobretudo admitindo, e entendendo, a riqueza de tão bonitos contrastes e de suas infinitas variações.

Suzana

Sobre o escrever (2)




" SÃO NOSSAS PAIXÕES QUE DELINEIAM NOSSOS LIVROS, MAS O REPOUSO DO INTERVALO É QUE OS ESCREVE."

Proust

RAINER MARIA RILKE


"MINHA VIDA NÃO É ESTA HORA A PIQUE
EM QUE ME VÊS TÃO AFOBADO.
Eu SOU UMA ÁRVORE EM FRENTE AO INTERIOR DE MIM.
SOU UMA SÓ DE MINHAS BOCAS
E AQUELA QUE PRIMEIRO HÁ DE FECHAR-SE.
SOU AQUELE INTERVALO ENTRE DUAS NOTAS
QUE SÓ DIFICILMENTE SE HARMONIZAM,
E É QUANDO O TOM DA MORTE VAI MAIS ALTO.
MAS NO ESCURO INTERVALO AS DUAS SOAM, TRÊMULAS AMBAS.
E É BONITO O CANTO."

quinta-feira, 20 de maio de 2010

SURPRESA !!!!!



Pra minha mãe que eu tanto amo, me espelho, respeito e admiro.Pra pessoa do melhor colo, do melhor abraço, do melhor cheirinho. Pra minha mãezinha que eu amo tanto :

Acredita em anjo
Pois é, sou o seu
Soube que anda triste
Que sente falta de alguém
Que não quer amar ninguém

Por isso estou aqui
Vim cuidar de você
Te proteger, te fazer sorrir
Te entender, te ouvir
E quando estiver cansada
Cantar pra você dormir

Te colocar sobre as minhas asas
Te apresentar as estrelas do meu céu
Passar em Saturno e roubar
o seu mais lindo anel

Vou secar qualquer lágrima que ousar cair
Vou desviar todo mal do seu pensamento
Vou estar contigo a todo momento
Sem que você me veja
Vou fazer tudo que você deseja . . .

Conta comigo p) o que você precisar, mamica!
Um beijo da sua filha caçula apaixonada por você,
Lilú :]

CONTEMPLAÇÃO

Os exercícios de reflexão miram a contemplação,
passos necessários para o desaquecimento da alma.
"Deitar as retinas" sobre os mistérios da paisagem:
- Natureza sim. -
Esticar as pernas e, num longo e suave espreguiçar,
Tocar, ao menos de leve, a paz essencial
(desde sempre fugidia dos meus dias)
E, com este jeito natural, olhar a vida.

FERNANDO PESSOA



PROTEÇÃO-CARINHO-CUIDADO

sábado, 15 de maio de 2010

BLOG????

Gente, é o seguinte: antes da Muriel fazer o meu blog, nunca tinha visitado outro qualquer. É sério.

Hoje, lendo a coluna do José Castelo ( Prosa e verso), vejo a indicação do blog de Sérgio Rodrigues, que se chama "TODO PROSA". É lógico que corri  lá pra ver o que acontecia.
 Bem, encontrei alguns textos em vermelho, uma foto bem legal,... e ??
Tenho vontade de colocar no meu blog, músicas, fotos, vídeos, mas ainda não sei como.
Esperarei pelas ajudas internéticas.
Me aguardem.
                                       O ANTI-CABEÇA




                                                                Arnaldo Bloch ( O Globo, 14/02/04)


Uma tendência ganha fôlego em nossos dias: o antiintelectualismo. Seu porta-voz, o Anti-cabeça, está em tudo que é lugar, pronto pra lutar por sua ideologia.

O Anti-cabeça é recrutado por uma força invisível ( um deus? um fenômeno natural?), que diz: “ Onde quer que estejas, filho, abomina todo refinamento mental, toda sutileza oratória. Destrói aqueles que elaboram o pensamento complexo e abra as portas para a felicidade simplificadora.”

O Anti-cabeça pode ser ignorante ou culto. Mas nunca será inteligente.

O inteligente inculto, por sua vez, livra-se de ser um Anti-cabeça se estiver consciente de seus limites circunstanciais, e dar-se a liberdade de decidir, sem traumas, desenvolver ou não o intelecto. Mas, se for magoado, será um Anti-cabeça furioso.

Culto ou ignorante (mas sempre ininteligente), o Anti-cabeça odeia o raciocínio sofisticado e acredita que, para existir e imperar, precisa exterminá-lo ou isolá-lo. Não pode haver diálogo entre as duas esferas. O mundo é pequeno demais para caber Cabeça.

O intelectual,  na visão do Anti-cabeça, nada tem a contribuir para a construção de uma sociedade melhor. Ele é sempre o Cabeça, pernóstico, mentiroso, delirante, confuso, um chatonildo que opõe-se à simplicidade deste mundo.

O Anti-cabeça vomita diante de uma arte que não seja figurativa ou decorativa. Cospe, mesmo sem ouvir, numa música cuja harmonia (palavra proscrita) seja um tantinho mais intrincada.

Acredita que a vanguarda não existe, que é sempre um embuste, e ignora interdependência/intercâmbio/processo que envolvam clássico e novo.

O Anti-cabeça pronuncia a palavra “intelectual” como se fosse um palavrão. Ou então, como se tal ser ( “o intelectual” ) não existisse na realidade, fosse invariavelmente um picareta, sujeito deletério, um sofisma ambulante, uma praga subversiva.

O Anti-cabeça dorme na platitude e acorda no banal. Acredita que o medíocre será vencedor. À noite, sonha com a uniformização de tudo num grande show que não pode parar para pensar, que transforme as vidas num zumbido permanente e alegre. Nesse show não há lugar para a expressão da tristeza, da melancolia, da angústia como formas válidas: estes são sentimentos para se extirpar do coração antes de chegar à garganta e à voz, que devemos guardar nos nossos peitos, não encher o saco dos bons e simples com roupa suja existencial.

A existência, por sinal, não é uma questão a ser pensada ou exposta, crê o Anti-cabeça. A existência apenas “é”. E ponto – porque se forem reticências a coisa já fica muito complexa. Toda a filosofia está enterrada nesta afirmativa, podemos bailar e rir. É tão fácil ser feliz!!! Só o cabeça com a sua carranca, é que não vê.

O objetivo final do Anti-cabeça é exterminar o Cabeça, que tem um poder de comunicação imediata menor e pode encontrar dificuldades em defender sua dignidade e sua honra.

O Anti-cabeça segrega, procura criar uma nova classe de degenerados, de inúteis, de incompreensíveis masturbadores mentais que nada têm a ver com o senso comum e, portanto, não devem ser levados a sério. O mundo será melhor, mais direto, mais claro, mais divertido e colorido sem eles pra perturbar. Que fiquem encastelados em seus átrios abafados e cheios de teias de aranha.



O cronista, que não é um Anti-cabeça, prescinde de declarar-se, entretanto, um intelectual. Mas saúda os Cabeças e os simples com toda a humildade.



                              Eu, Suzana, acato integralmente, e louvo sua coragem.

ANÕNIMO

"Nunca se explique.
Seus amigos não precisam.
Seus inimigos não vão acreditar."

Robert Browing

"O esforço de um homem deve exceder o seu alcance.
Ou então, para que o céu?"

Há tempos atrás

Que bom, que desse enorme silêncio a me espreitar dentro da noite, posso ouvir, de quando em quando, os barulhinhos que as crianças fazem em seus quartos. É o melhor ranger de dentes que existe no meio da vida.
HOMEOSTASE (*)

Pacificamente convivem dentro de mim,
Passeando placidamente pelas alamedas,
Floridas e úmidas da minha emoção,
Verdadeiros e inquestionáveis amores.
“ Irrespondíveis”, como diria um de
Os meus amores ( Ah... os meus amores...
Interpõem-se somando,
Multiplicam-se expandindo
Os diversos caminhos para o céu
(já tão pertinho do céu todos eles)
Os meus amores
São todos únicos e raros
Exclusivos e não excludentes.
Especiais, divinos.
Nenhum melhor que outro,
Nem mais intenso,
Nem mais importante.
Todos,
Meus queridos amores.
Dos meus amores
Sou mãe e pai, filho e filha,
Aluna e professor,
Amiga e amante
Irmã, sou irmã:
Desaguando sem economia
Essa doce e terna, eterna fraternidade.

Esvaziados ( Graças a Deus! ) das idiotas e patogênicas regras,
Carentes dos enfraquecedores e fracassados compromissos,
Plenos e convictos apenas e somente do fundamental:
A conquistada liberdade
De ir e vir, por opção e desejo,
Sendo o amanhã construído,
A cada instante e em cada gesto,
Pela intransponível vontade de permanecer;
Seduzindo “perdulariamente”, como diria um outro amor,
Com mágicas, armadilhas e magia
( Bruxedos maravilhosos do amor )
Dia após dia, a possibilidade
Do sempre e da eternidade.

Como um explorador atento,
Passo a passo vou me dando conta
Dessa fantástica descoberta
Da infinitude de todos esses sentimentos
Como um artesão cuidadoso,
Vou tecendo dessa porcelana tão antiga de mim,
A deliciosa teia em que me prendo e me solto,
Me perdendo para me reencontrar,
Figura solar e catalisadora de mim mesma.

Sigo energizada, retroalimentada,
No berço esplêndido da homeostase alcançada.
Em meio a tão conflitantes sentimentos.
Sigo sensorializada, alerta, “antenada”
(Como diria uma amor de livro)
Pronta para todos os meus amores.
Cada vez mais minha. Para sempre minha.

São tantos os meus amores.
São tão queridos os meus amores.
São amores de muitas histórias:
- grandes e eternas ( porque de outras vidas )
- pequenas e deliciosas,
- miúdas e até levianas.
Mas todas, histórias de amor.
Um amor quase sem limites,
Um amor sem limites:
Farto, amplo, generoso, largo, liberto,
Incontrolado, solto, arrebentado, desaguado,
Anistiado em mim das dores de amor

Amor,
Amores,
Amores de olhos, olhares,
Amores de boca, palavras, beijinhos, beijos.
Amores de ombro, que se encostam e recebem, se vierem as lágrimas.
Amores de braços, porque abraços, sempre!!!
Amores de mão, acenos, carícias, mãos.
Amores de seios, sedução e alimento;.
Amores de ventre, colo e ninho.
Amores de pernas, entrelaço e esteio.
Amores de pés, juntos, deitados e em pé.
Amores de encontros e reencontros,
Tão certos e possíveis para uns,
Quanto improváveis para outros.

Amores calmos e convulsos:
Da maresia que só se pressente,
De ondas que afogam
De espuma que se esvai
De areia que, arranhando, desperta.
De mergulhadores de águas profundas,
Dos que tem medo do mar.
De pequenos e grandes goles,
De “AIS” e “UAIS”
De ascetas e saltimbancos
De silêncios intransponíveis e festa
De Schubert e Cazuza
De fados e fadas.
De Maracanã e Teatro Municipal
De guerra e paz,
De guerrilha.
De sol e neblina.
De dia e noite
De quarto e rua, de esquinas
De meios-sorrisos e sonoras gargalhadas
De bilhetes rápidos e inesquecíveis poesias
De respirações que escutamos tão de perto
Daquelas que já esquecemos o ritmo.
De irradiações que tomografam a alma, processando sonhos, revelando segredos.
De pequenos e grandes gestos

De crianças e velhos
De homens e mulheres
De bibelôs e musas,
Dos namorados, dos enamorados, dos camaradas, dos antigos companheiros.
Dos amigos, dos grandes amigos, dos irmãos.

Amores,
Amores sem nome,
Amores sem firma reconhecida,
Amores sem dono
Amores que eu quis, que eu quero
Amores,
Amor.

(*) Homeostase: do grego homeostasis: tendência à
estabilidade do meio interno do organismo.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Morre lentamente
             Pablo Neruda

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encon-tra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se de sua má-sorte ou da chuva in-cessante.

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

SOBRE O ESCREVER (1)

" Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador..."

                                                  Clarice Lispector

O homem lúcido

Há um tempo atrás assisti a um filme brasileiro, já meio antigo, chamado "SEPARAÇÔES" de Domingos de Oliveira, que tambem trabalha como ator. Filme de início despretensioso , aos poucos, foi me trazendo agradáveis surpresas> Primeiro, porque trata de assunto delicado de uma forma muito inteligente, interessante e bem humorada. O segundo aspecto que me cativou foi a forma escolhida, bem teatral, com marcações de teatro mesmo. Acabei gostando muito, apesar do excesso de uísque em cena e de MUITO Baixo Leblon. Transcrevo abaixo um texto lido pelo próprio Domingos de Oliveira. Segundo o filme trata-se de uma tradução livre de um texto gravado em pedras e descoberto durante escavações no ano passado, no local aonde seria a antiga Caudéia. Na língua deles, só existe uma palavra  para HOMEM LÚCIDO e pra SACERDOTE. Deu uma trabalheira danada,  porque tive que ficar indo e voltando a fita do DVD para fazer a transcrição. Espero que vocês gostem.

" O HOMEM LÙCIDO"


O homem lúcido sabe que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções, que ele nunca se entusiasma com ela, assim como nunca teme a morte.
O homem lúcido sabe que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor, posto que a vida contem tantos sofrimentos que a sua sensação não pode ser considerada um mal.
O homem lúcido sabe que ele é o equilibrista na corda bamba da existência. Ele sabe, que por opção ou acidente é possível cair no abismo a qualquer momento, interrompendo a sessão do circo.
Pode tambem o homem lúcido optar pela vida. Aí então, ele esgotará todas as suas possibilidades:
Ele passeará pelo seu campo aberto, e por suas vielas floridas.
Ele saberá ver a beleza do mundo.
Ele terá amantes, amigos, ideais.
Urdirá planos e os realizará.
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças.
E, se atingido por alguns desses emissários, saberá suportá-los com coragem e com mansidão.
E morrerá o homem lúcido de causas naturais e em idade avançada, cercado pelos seus filhos e pelos seus netos, que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará, então, sob as memórias do homem lúcido, uma aura de bondade.
Dir-se-á:
Aquele amou muito. Aquele fez muito bem às pessoas.
A justa lei máxima da natureza obriga que a quantidade de acontecimentos ruins na vida de um homem se iguale sempre a quantidade de acontecimentos favoráveis.
O homem lúcido porem, esse que optou pela vida, com o consentimento dos deuses, tem o poder magno de alterar essa lei.
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis estarão sempre em maioria, porque essa é uma cortesia que a natureza faz, com os homens lúcidos.

Queridos amigos: embora possamos estar um pouco longe de toda essa sabedoria, quero crer que estejamos muito perto do desejo de alcançá-la, porque compreendemos, aceitamos e buscamos esses princípios.
Abraços fortes em todos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

PARA LENI


Há muito tempo atrás, lá na infância

conheci uma mulher, a primeira.

Leni era seu nome.

Em meio a mães, primas e irmãs,

ela era pra mim, quase uma aberração.

No seu olhar brilhava uma vida

desconhecida pra mim:

Fêmea de carne e osso, no cio.

Habitava, criança e prostituta,

um mundo de fadas, brinquedos e

meninos adolescendo, insaciáveis.

“Ser mulher deve ser bom”, eu pensava,

quando a olhava, de longe,

desavergonhada em sua alegria desbocada,

feliz dentro de sua gargalhada sem dentes.

Poderosa.

Todos a possuíam.

Ela, pertencia ao mundo.

Galhofavam dela, irritavam-na, imantados,

sem conseguir se afastar, dominados.

Debochavam de seu cabelo pixaim,

provocavam e gritavam:

— LENI BOMBRIL!!!

Uma bomba detonava, então:

Como um animal feroz

ela rolava no chão com eles

e se sujava sem pudor:

ontem no prazer

hoje na luta, na guerra.

E, com a mesma garra,

num terreno e noutro,

marcava o seu território.

Aos meus olhos de menina

tudo isso era puro fascínio.

E lá no fundo de mim,

como semente de mulher que aguarda,

crescia uma admiração, um respeito.

Desde então,

e lá se vão 30 (35?) anos!

Sempre que a vejo, sempre de longe,

sempre suja e pobre,

sempre aceno, sempre sorrio,

com uma mistura de gratidão e carinho.

E ela sempre responde,

usando sempre o mesmo gesto,

levantando o braço bem alto,

segura de si,

altiva,

guerreira,

forte e feliz,

ainda.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Simplicidade

“O que o vento não levou




No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento...”

Mário Quintana (anotado em 4/3/09)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sobre as terças sem lei

Sobre as “terças sem lei”:





Para os que não sabem, as famosérrimas terças, ditas sem lei, acontecem há mais ou menos 11(!) anos, sempre às 18:00hs em ponto, e tiveram início comigo e mais duas amigas, que desejávamos com isso, um momento, no meio da semana, para colocarmos nossas conversas (todas) em dia.

Nunca foi só um bate papo. Também nunca foi essa a nossa intenção. Pretendíamos muito mais: discutir nossas vidas, nossas alegrias, nossas dúvidas, nossas dores, nossas expectativas, aventuras e desventuras.

Inicialmente, entre as regras vigentes, em estatuto verdadeiro, mas nunca definitivamente escrito, seríamos, sempre nós: Eu, Cristina e Darlene. Era mesmo um grupo fechado, especialmente para os nossos companheiros da época.

Num dos 1ºs encontros tomamos um banho de ofurô regado a vinho, as três juntas e às gargalhadas.

Como tínhamos filhos em idades comuns e nos mesmos colégios, decidimos ali, naquelas terças, o destino, num sentido amplo da palavra, de cada um deles. Tomamos muitas atitudes, depois de conversarmos horas a fio, importantíssimas sobre os mais diversos assuntos.

Com o tempo, fomos permitindo algumas raras infiltrações, e algumas pessoas de verdade convidadas. Poucos restaram. Permanecemos nós, a postos.

Doentes, amarguradas, com mil compromissos, levamos muito a sério, o compromisso das terças sem lei. Acho que este termo foi criado pelo meu namorado à época. Não sei o que ele imaginava que poderia acontecer dentro desses encontros. Nunca “na história desse país” terças existiram COM TANTA LEI!!!

A coisa foi caminhando, mudamos de bar algumas poucas vezes, e hoje estacionamos no restaurante mais antigo da cidade, aonde de alguma forma ainda podemos fumar.

A Cris, por motivo de trabalho, precisou mudar de cidade, mas como ela é uma linda, não houve nenhuma terça-feira, desde então que ela tenha se esquecido de telefonar para dar um beijo e registrar sua presença.

Um amigo comum, vem ocupando lugar já mais ou menos sacramentado junto a nós. Isso depois de uma separação difícil, em que passamos semanas a fio a desenrolar com ele a sua dor. É sempre bemvindo.

Às vezes, muito poucas, alguém desaparece sem dar notícias.

Costumamos falar assim quando ocorrem esses súbitos desaparecimentos: “Deu um perdido, ontem, hein?”.

Quem mais deu perdido, nessa história toda até agora fui eu, sempre tentando justificar, e nunca conseguindo.

Algumas pessoas, muito interessantes já passaram por nossa mesa, ( mesa essa, sempre mais ou menos gentil, mas firme em seus propósitos iniciais).

Um casal se casou, um tio morreu, um amigo sente a maior falta, um outro foi literalmente expulso por mim, e seguimos...

Não há nenhum tipo de preconceito: os filhos são sempre liberados, alguns grandes amigos sempre bem chegados, cores, estatura, nível social, opção sexual, profissões, nada disso nunca foi uma barreira para as pessoas darem uma sentadinha. O que não pode acontecer, e acho que de uma maneira ou outra TODOS entendem, é que a pretensão de se tornarem sócios desse pequeno clube está fora de cogitação. Clube de três. Três na terça sem lei.

domingo, 9 de maio de 2010

Aquela noite

A noite insistia em não terminar, não definia-se, seguia definhando.

Ela, sem dar o braço a torcer, embora exausta (eu sabia), permanecia atenta, como quem aguarda uma surpresa, um cheiro antigo, uma visita inesperada ou algum especial acontecimento. Não queria ir embora.

Eu não. Meu corpo e meu ,sentimento diziam que basta!. O dia já tinha feito a sua conta.

Cansada de deitar e levantar, já tinha lido, revisto documentos de trabalho, feito um telefonema para um amigo sabidamente insone, escrito uma carta, ouvido músicas, feito contas, lido contos...

Mas a noite queria ver mais coisa. Pra ela ainda tava pouco. Imaginei que ela, (quem sabe?) pudesse estar me preparando um sono gostoso, com sonhos bonitos e fantasiosos, um sonho bom.

Bem, essa era minha esperança maior, e me agarrava a ela. Que ela, a noite, não estivesse apenas desatinada, mas que tivesse um propósito, real, para mim.

Levanto, caminho num descaminhar trôpego. Tento manter-me blasé, como se nada demais estivesse acontecendo. Tento me enganar. Àquela hora da noite, não era de todo ruim fingir que estou entendendo. Escovo os dentes pela terceira vez. Resolvo colocar uma camiseta bem velhinha pra me aconchegar. O vento lá fora, também animado, parece conversar com ela. ( a noite). De qualquer forma, ele tá meio bravo e uivando. Escolho o lugar mais fresquinho da cama. Fico esfregando o meu pé ali. Assim vou dormir.

Me assusto com um clarão dentro do quarto.

Que novidade ela ,a noite, poderia me trazer?

Quietinha, olho pro clarão, devagarzinho, e identifico: é um vagalume.!

Tínhamos um combinado, lembra? O vagalume.

Você fala comigo, eu entendo,,,e adormeço...
Érico Veríssimo um dia disse:



“ Desculpem-me, mas não não sou grave.”



Érico, pai de Luiz Fernando ..., os Veríssimos.



Digo eu, modestamente:



- Desculpem as gargalhadas fora de hora e, junto delas, e principalmente, o exagero das confissões e intimidades, nesses tempos em que todos estão a preferir conversas mais amenas e menos complicadas.

Sinto muito, mais uma vez, mas sou complexa, profunda e grave.

Vocês são personagens de uma história que tento inventar todo dia, para ser e estar mais leve. Mas de longe essa é a personagem que desempenho com maior facilidade.

Houve uma época em que até Deus andava de saco cheio com a minha incompetência com a vida e me estranhando muito.

Venho pretendendo sair do rascunho de mim mesma e me passar a limpo. Aos 52 anos entendo que a hora é essa. Quero limpar a página, e com ela em branco, poder imaginar que posso recomeçar.

terça-feira, 4 de maio de 2010

E POR FALAR EM DEUS...

Dizia Hélio Pellegrino, um ateu convicto, que se converteu nnos últimos anos de sua vida: " O ser humano precisa ter a nobre coragem de entregar-se à intuição de uma realidade transcendente para escapar à impotência do seu isolamento. O homem só assume o clarão de divindade que o habita, quando desiste de se salvar sozinho."

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Serra

Acordando às 8 horas da manhã ( pois é amigos eu agora acordo às 8 horas), descubro, assim sem nada nem porque, que não tenho Deus dentro de mim. Tentei lembrar da véspera com algum pecado mortal cometido, mas nada. Apenas isso: o candidato à presidência da república, José Serra, afirmou publicamente, que os fumantes são pessoas sem Deus. Eu, que sempre busquei um cantinho bem legal dentro de mim para Ele, e com quem converso harmoniosamente diariamente, concluí que esse tal de Serra, não tem o direito de se dirigir a mim dessa forma. Tenho Deus, sim, lamento te dizer. Acho até que Deus ia gostar muito que eu parasse de fumar, mas nunca ameaçou com sua ausência da minha vida, por este vício nojento. Pelo contrário, está ao meu lado em cada um de minhas tentativas. Assim sendo, fora os indiscutíveis "genéricos" criados por Va Sa, acho você um merda!!!! E tenho dito!!!, acendendo mais uma famigerado cigarro.