sexta-feira, 14 de maio de 2010

Morre lentamente
             Pablo Neruda

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encon-tra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se de sua má-sorte ou da chuva in-cessante.

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

2 comentários:

  1. Caramba mãe, dá até um nervosinho ler esse texto..

    Levantemos a cabeça e bola pra frente, mas pra fazer gol!

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  2. Gente, esse papo de varanda é uma loucura. Deixo de entrar 3 dias e tem um monte de texto pra ler. Li todos até hoje (18/5) mas deixo nesse meu comentário pois adorei!

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