sexta-feira, 14 de maio de 2010

O homem lúcido

Há um tempo atrás assisti a um filme brasileiro, já meio antigo, chamado "SEPARAÇÔES" de Domingos de Oliveira, que tambem trabalha como ator. Filme de início despretensioso , aos poucos, foi me trazendo agradáveis surpresas> Primeiro, porque trata de assunto delicado de uma forma muito inteligente, interessante e bem humorada. O segundo aspecto que me cativou foi a forma escolhida, bem teatral, com marcações de teatro mesmo. Acabei gostando muito, apesar do excesso de uísque em cena e de MUITO Baixo Leblon. Transcrevo abaixo um texto lido pelo próprio Domingos de Oliveira. Segundo o filme trata-se de uma tradução livre de um texto gravado em pedras e descoberto durante escavações no ano passado, no local aonde seria a antiga Caudéia. Na língua deles, só existe uma palavra  para HOMEM LÚCIDO e pra SACERDOTE. Deu uma trabalheira danada,  porque tive que ficar indo e voltando a fita do DVD para fazer a transcrição. Espero que vocês gostem.

" O HOMEM LÙCIDO"


O homem lúcido sabe que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções, que ele nunca se entusiasma com ela, assim como nunca teme a morte.
O homem lúcido sabe que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor, posto que a vida contem tantos sofrimentos que a sua sensação não pode ser considerada um mal.
O homem lúcido sabe que ele é o equilibrista na corda bamba da existência. Ele sabe, que por opção ou acidente é possível cair no abismo a qualquer momento, interrompendo a sessão do circo.
Pode tambem o homem lúcido optar pela vida. Aí então, ele esgotará todas as suas possibilidades:
Ele passeará pelo seu campo aberto, e por suas vielas floridas.
Ele saberá ver a beleza do mundo.
Ele terá amantes, amigos, ideais.
Urdirá planos e os realizará.
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças.
E, se atingido por alguns desses emissários, saberá suportá-los com coragem e com mansidão.
E morrerá o homem lúcido de causas naturais e em idade avançada, cercado pelos seus filhos e pelos seus netos, que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará, então, sob as memórias do homem lúcido, uma aura de bondade.
Dir-se-á:
Aquele amou muito. Aquele fez muito bem às pessoas.
A justa lei máxima da natureza obriga que a quantidade de acontecimentos ruins na vida de um homem se iguale sempre a quantidade de acontecimentos favoráveis.
O homem lúcido porem, esse que optou pela vida, com o consentimento dos deuses, tem o poder magno de alterar essa lei.
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis estarão sempre em maioria, porque essa é uma cortesia que a natureza faz, com os homens lúcidos.

Queridos amigos: embora possamos estar um pouco longe de toda essa sabedoria, quero crer que estejamos muito perto do desejo de alcançá-la, porque compreendemos, aceitamos e buscamos esses princípios.
Abraços fortes em todos.

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