quinta-feira, 29 de abril de 2010

SUAVIDADE

Por que as pessoas boas tem cheiro de talco?????

CAIO FERNANDO ABREU

"Continuo a pensar que quando
tudo parece sem saída,
sempre se pode cantar.
Por isso escrevo."

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A CRIANÇA

A criança que sobreviveu em mim
É uma menina quieta, fácil.
Boa menina.
Menina boa.
Sobra, no adulto inquieto e aflito
Aqueles olhos... Ah... os olhos...
Que miram o mundo
Ainda querendo entender.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Albert Einstein

" O segredo da criatividade está em dormir bem, e abrir a mente às possibilidades infinitas. O que é um homem sem sonhos?"

VAMU DURMI MINHA GENTE????

segunda-feira, 26 de abril de 2010

PERDÃO

Me sinto como sempre estiveram
Quase todas as pessoas que conheci
Tudo de perto é muito
Excede
Choca
Me sinto como os outros
Que nunca fui
Me perdoa.

Hélio Pellegrino - 1

Leio hoje, na coluna de Joaquim Ferreira dos Santos ( 2º caderno- O Globo), relato de um "causo", em que ele, numa festa em comemoração aos 60 anos do Hélio Pellegrino, foi tomado pela mão por Fernando Sabino, e levado até Rubem Braga, fazendo a seguinte pergunta: "- Rubem, o que você acha do aniversariante?"  Respondeu ele: " - Acho o Hélio completamente maluco!!!" Falou alto, propositalmente, para que o aniversariante ouvisse. Qual nada, Hélio,  dançava de se acabar o "Balancê" com Dina Sfat, e assim continuou, fingindo nada ter ouvido.
Esse comentário hoje, do adorável Joaquim, me acordou meio ainda dormindo ( pra quem me conhece bem, acordo e ainda na cama, antes do xixi, tomo uma xícara de café, acendo o meu 1º cigarro, e pego o jornal.), para muitas histórias e fatos vividos ao longo de inesquecíveis 11 anos de terapia que fiz com o Hélio.
Tinha 19 anos no início do processo, e até hoje me emociono sobremaneira ao me lembrar... de suas mãos. Com elas, seus gestos, tantas vezes já cultuados, mas por mim vistos, desde sempre, como viris, entusiasmados, se é essa a palavra para se falar de alguem, que ao argumentar, parecia possuído por deus e pelo diabo. Ele se sentava na ponta da cadeira, pendia o tronco pra frente, e num tom de voz crescente, abordava um a um nossos assuntos, como se tivesse definindo e resolvendo o mais urgente problema universal.  A 3ª guerra mundial estava ali, naquela sala em Copacabana.  Raras vezes na minha vida, antes ou depois, tive um interlocutor tão atento e assombrado, com as minhas "loucuras" da época. Assim eu as chamava. Aos 19 anos, eu sofria muito, muitíssimo, e ele sabia e respeitava isso. Era caçulíssima de uma turma com 30 - 40 anos em média, e, me sentava, com todo o direito , ao lado de sua cadeira. E ai de quem se sentasse ali...
Hoje, e sempre, terei muito mais a dizer e a contar desse período, doloroso e salvador, da minha convivência com essa figura iluminada pelo próprio nome, e  que continua me salvando.
Por enquanto quero só dizer que não foi à toa que o encontrei no início desse meu dia.
Acordei tristíssima, infinitamente sozinha, de uma tristeza secular, e profunda, muito profunda.
Só ele, ou a grandiosa lembrança que tenho dele, e de suas mãos, poderiam aplacar um pouco que seja, essa enorme dor.
Obrigada Hélio, por tudo que  nós dois sabemos, e desculpe-me o fato de não ter tido a quem pagar o último mês do nosso tratamento. Essa talvez seja a menor dívida que tenho com você.
Quero te imaginar, preciso te imaginar, dançando, ainda...

O DIA A DIA

O cotidiano com seus fatos são acessórios impertinentes do meu desejo com o mundo - peso em minhas asas.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SR BARRETO

Sr Barreto foi aposentado compulsoriamente aos 70 anos. Ficou muito brabo. Tudo o que ele queria era continuar trabalhando, só isso. Mas não, a lei é clara: aos 70 anos, casa!!! Você não serve pra mais nada... Sr Barreto não consegue entender. Nem eu. Magro, altivo, negro, bonito, Sr Barreto era o faxineiro, vigia, servente, e...jardineiro do posto de saúde onde trabalho há 20 anos. Sr Barreto limpava minha mesa, a única que sobrou, "dotora", do tempo do seu pai. Foi proibido de lavar meu carro, coisa que ele fazia por prazer, sem ser solicitado, e sem ganhar nada por issso. Na última semana Sr Barreto meu deu 5 rosas vermelhas, e me disse para que as colocasse junto aos meus "santos". Foi o que fiz. Acendi tambem uma vela, e pedi por ele. Cheguei nesta semana e não o encontrei. É muito difícil não encontrar as pessoas que amamos onde elas sempre estão, ou... deveriam estar.  Olhei os jardins daquela unidade pública de saúde. Lembrei  Sr Barreto agachado cuidando daquelas flores, fora do seu horário e sem nada ganhar por issso. Suas rosas continuam lá e aqui junto dos meus "santos" e do meu coração. É, o mundo é muito, muito estranho as vezes.

domingo, 18 de abril de 2010

Noutra varanda

Há 10 anos atrás, mais ou menos, houve um papo, uma conversa, um desabafo, numa varanda, que não era a minha. Há 10 anos atrás, houve alguem que, como num confessionário ouviu e entendeu toda a minha imensa dor. Nesta varanda, que não era a minha, houve luz, silêncio, poesia e muita, mas muita discussão. Chorei, chorei, chorei, mais que Cauby.
O amor do interlocutor era tanto que , passado a fase da raiva, do ódio, e da infinita incompreensão, terminamos essa noite, abraçados, enquanto ele me pedia: me faz um favor? Nunca mais me fale sobre isso. Durante algum tempo , respeitamos esse silêncio, por amor a mim, a ele , e a tudo. Nesta varanda, descobri o  quão surreal era tudo que estava vivendo. E naquela mesma varanda entendi que seria muito difícil sair de dentro daquela história. Segui.   Passados anos, tenho uma lembrança clara, azul, (verdejante é cafona? mas era verdejante...) daqueles momentos.
Fui  seguindo, e  tudo foi se seguindo... Não é assim que a vida é? 
Alguem se dispôs a sair do seu cantinho, que era lindo, para limpar o meu vômito emocional.
A varanda continua existindo, com manchas que não são só minhas, eu sei.
 Essa pessoa existe, e continua me  amando.
 Só  tenho a agradecer a este endereço na Marquesa de Santos, o que hoje pode e vem me acontecendo. Beijos JP.

Texto meu

DEFINITIVAMENTE ESTOU MAIS PARA POLICARPO QUARESMA DO QUE PRA MACUNAÍMA OU  SEMPRE FUI DA TRUPE DE DOM QUIXOTE

Relinche Roncinante
sua impaciência tem lugar e hora.
Faça um coro batendo suas patas,
e me aguarde.
Ando exausto dessas megadoses de realidade,
espelho inclemente
que teima em refletir uma única face de mim,
e a que menos gosto.
Sancho Pança. amigo querido,
fiel escudeiro, aval incondicional
desse meu jeito de estar na vida.
Vá limpando a minha espada
enquanto me despeço
da mesmice das pessoas rasas e de universo curto.
 O Cavaleiro da Triste Figura
vai despindo seus últimos paramentos de pessoa bem adaptada,
pra assumir de vez seu uniforme, disforme, esquisito,
traje de gala dos meus desejos.
Vamos partir em breve,
pra bem mais perto da grandeza de nossas verdades.
A pureza delas é a única coisa que ainda vale a pena.
( Quanta saudade de mim )
Avise ao Castelo e à Dulcinéia
que os meus sonhos não morreram
que não perdi a delicadeza
e que estou mais romântico do que nunca.
Comunique a todos os moinhos de vento do caminho
que acreditar no meu delírio
continua sendo a minha unica arma, e que,
graças ao bom deus,
toda a minha doce loucura está de volta.
Com ela estarei limpo, liberto e inteiro novamente.
Pronto.
Com a indispensável indignação
pra lutar contra tudo que fuja da nobreza
( sou um nobre fidalgo!!!)
dos gestos e sentimentos;
contra a pseudo-calma que resfria a alma;
contra a comodidade morna e pegajosa
que asfixia os nossos mais dignos projetos;
contra este deserto e esta pobreza de interesses;
contra todos os tiranos da normalidade medíocre.
Resta pouco, meu amigo, acredite.

A última do grande poeta Manoel de Barros

" para que eu seja um poeta, preciso de não ter o que fazer. Meu trabalho é o de fazer vadiagem com as palavras"

Me lembrou o livro "ÓCIO CRIATIVO" De Domenico de Masi. Mas essa filosofia continua se apliicando a muito poucos. . Nós, pequenos mortais, precisamos acordar amanhã, 2ª-feira, e cumprir direitinho com nossos deveres, inclusive com a missão "Imposto de Renda". Como tá dando pra notar, cada ano que passa eu fico cada vez mais emputecida com esse assunto. Não me conformo!!!!!!.
Consegui escavar esse diamante no jornal de hoje. Boas notícias em jornal, vamos combinar, é uma raridade!! Ainda mais quando se trata da tragédia que se abateu sobre o Haiti. Mas elas existem. Vejamos: Sean Penn, ator e diretor de extremo talento, está há 3 meses, conduzindo pessoalmente, um dos maiores campos de refugiados. Dorme sob um pequeno toldo, precário, em nada diferente das acomodações dos 60 mil (!) deslocados que ali vivem. Já conseguiu enorme ajuda internacional e segue inspirando com o seu trabalho diário a tanta gente que, como ele, se dedica a juda, muito necessária.
Que ele possa inspirar cada um de nós, a cada dia, nesse nosso mundinho, de imposto de renda, pra dar só um exemplo. Viva Sean Penn!!!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

"Pessoas habitadas"

Vou reproduzir parte de um texto escrito por Marta Medeiros  (há quem não suporte, eu...adoro!!).
Não sei se isso deve acontecer num blog, mas que diferença faz?  Diferença, de verdade, faz mesmo, a morte. E não é sobre ela que vamos falar. Vamos (?) falar de "pessoas habitadas".
Falando das pessoas habitadas a elas se refere: " "aquela ali tem gente em casa.  Essas pessoas fazem a diferença... Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra dormir" E ela continua falando:
"Alem disso, mantem com a solidão uma relação mais que cordial."
 "Que tenhamos a sorte de esbarrar com "seres habitados" e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer é nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda."
Dedico parte deste texto aos meus queridos "habitados". Amem!!

Michel Melamed

Assisti ontem a estréia de um programa no Canal Brasil, num horário meio ingrato (00.00hs),  chamado "Campeões de Audiência", capitaneado por Michel Melamed ( há os que o odeiam, eu adoro!!). Pra quem não conhece, a figura é ator, produtor, comediante e, principalmente!! entrevistador. Com cara de turco e jeito de ipanemense, ele acertou em cheio neste 1º programa, que falou de lagrimas, choros, reais ou improvisados, e um pouco sobre a dor. Me encanta o fato dele olhar muito profundamente no olho do entrevistado,  vergado pra frente, querendo DE VERDADE saber o que o outro tem pra dizer. Diferente de outros entrevistadores, que olham somente para o seu próprio umbigo. Foi muiito lindo ver o convidado, Matheus Nachtergaele, rir muito e chorar o suficiente. Programa verdadeiro, parecido com a vida que a gente vive.  Toda quinta, porem... a meia-noite.
Aí amigos:  Milton Nascimento está preparando uma música sobre o "Guerra e paz" de Portinari. Imaginem!!! O painel virá do prédio da ONU  para o Museu de Belas Artes, no RIO!!!  Que máximo!! É esperar pra gozar...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Manoel de Barros

Amigos, hoje é dia de Manoel de Barros!!! Aos 93 anos (!) está lançando seu mais novo livro intitulado "Menino do mato". Poeta matogrossense, ligado visceralmente à natureza, crescido no mato, viajou pelo mundo, e retornou em 1960 para o Pantanal, onde vive até hoje. Que lição, pra quem começa um blog, ter este ser, mais vivo do que nunca, ainda escrevendo belos poemas...
Fala Manoel:
'É nos loucos que grassam luarais"
"Poesia é a infância da língua"
"Eu queria crescer para passarinho"
"Sapo é um pedaço de chão que pula"
"Sobre o nada eu tenho profundidades"
" O melhor conselho para os chatos que tentam  'entender' seus versos é: 'Poesia não é para compreender mas para incorporar/ Entender é parede: procure ser uma árvore."
                                   
  Que tal gente?? O máximo , não é?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Aos queridos e raros amigos:  inicio uma nova aventura.  Com rede de proteção, equipamentos seguríssimos, e... lógico, máscara de oxigênio!!! Espero que estejam , como sempre, comigo juntos. Tudo é uma tentativa, e ainda não sei postar direito (Muriel cad|ê você??). Abro um caminho. Mentiria se dissesse que novo. Não, conheço uns bons pedaços dele. Cheguei a desistir, num determinado momento da saída da escrita, trocando-a por uma entrada em outro atalho. Rendo-me. Vamos lá. Abraços necessários e pungentes, Suzana.