domingo, 9 de maio de 2010

Aquela noite

A noite insistia em não terminar, não definia-se, seguia definhando.

Ela, sem dar o braço a torcer, embora exausta (eu sabia), permanecia atenta, como quem aguarda uma surpresa, um cheiro antigo, uma visita inesperada ou algum especial acontecimento. Não queria ir embora.

Eu não. Meu corpo e meu ,sentimento diziam que basta!. O dia já tinha feito a sua conta.

Cansada de deitar e levantar, já tinha lido, revisto documentos de trabalho, feito um telefonema para um amigo sabidamente insone, escrito uma carta, ouvido músicas, feito contas, lido contos...

Mas a noite queria ver mais coisa. Pra ela ainda tava pouco. Imaginei que ela, (quem sabe?) pudesse estar me preparando um sono gostoso, com sonhos bonitos e fantasiosos, um sonho bom.

Bem, essa era minha esperança maior, e me agarrava a ela. Que ela, a noite, não estivesse apenas desatinada, mas que tivesse um propósito, real, para mim.

Levanto, caminho num descaminhar trôpego. Tento manter-me blasé, como se nada demais estivesse acontecendo. Tento me enganar. Àquela hora da noite, não era de todo ruim fingir que estou entendendo. Escovo os dentes pela terceira vez. Resolvo colocar uma camiseta bem velhinha pra me aconchegar. O vento lá fora, também animado, parece conversar com ela. ( a noite). De qualquer forma, ele tá meio bravo e uivando. Escolho o lugar mais fresquinho da cama. Fico esfregando o meu pé ali. Assim vou dormir.

Me assusto com um clarão dentro do quarto.

Que novidade ela ,a noite, poderia me trazer?

Quietinha, olho pro clarão, devagarzinho, e identifico: é um vagalume.!

Tínhamos um combinado, lembra? O vagalume.

Você fala comigo, eu entendo,,,e adormeço...

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