sábado, 15 de maio de 2010

HOMEOSTASE (*)

Pacificamente convivem dentro de mim,
Passeando placidamente pelas alamedas,
Floridas e úmidas da minha emoção,
Verdadeiros e inquestionáveis amores.
“ Irrespondíveis”, como diria um de
Os meus amores ( Ah... os meus amores...
Interpõem-se somando,
Multiplicam-se expandindo
Os diversos caminhos para o céu
(já tão pertinho do céu todos eles)
Os meus amores
São todos únicos e raros
Exclusivos e não excludentes.
Especiais, divinos.
Nenhum melhor que outro,
Nem mais intenso,
Nem mais importante.
Todos,
Meus queridos amores.
Dos meus amores
Sou mãe e pai, filho e filha,
Aluna e professor,
Amiga e amante
Irmã, sou irmã:
Desaguando sem economia
Essa doce e terna, eterna fraternidade.

Esvaziados ( Graças a Deus! ) das idiotas e patogênicas regras,
Carentes dos enfraquecedores e fracassados compromissos,
Plenos e convictos apenas e somente do fundamental:
A conquistada liberdade
De ir e vir, por opção e desejo,
Sendo o amanhã construído,
A cada instante e em cada gesto,
Pela intransponível vontade de permanecer;
Seduzindo “perdulariamente”, como diria um outro amor,
Com mágicas, armadilhas e magia
( Bruxedos maravilhosos do amor )
Dia após dia, a possibilidade
Do sempre e da eternidade.

Como um explorador atento,
Passo a passo vou me dando conta
Dessa fantástica descoberta
Da infinitude de todos esses sentimentos
Como um artesão cuidadoso,
Vou tecendo dessa porcelana tão antiga de mim,
A deliciosa teia em que me prendo e me solto,
Me perdendo para me reencontrar,
Figura solar e catalisadora de mim mesma.

Sigo energizada, retroalimentada,
No berço esplêndido da homeostase alcançada.
Em meio a tão conflitantes sentimentos.
Sigo sensorializada, alerta, “antenada”
(Como diria uma amor de livro)
Pronta para todos os meus amores.
Cada vez mais minha. Para sempre minha.

São tantos os meus amores.
São tão queridos os meus amores.
São amores de muitas histórias:
- grandes e eternas ( porque de outras vidas )
- pequenas e deliciosas,
- miúdas e até levianas.
Mas todas, histórias de amor.
Um amor quase sem limites,
Um amor sem limites:
Farto, amplo, generoso, largo, liberto,
Incontrolado, solto, arrebentado, desaguado,
Anistiado em mim das dores de amor

Amor,
Amores,
Amores de olhos, olhares,
Amores de boca, palavras, beijinhos, beijos.
Amores de ombro, que se encostam e recebem, se vierem as lágrimas.
Amores de braços, porque abraços, sempre!!!
Amores de mão, acenos, carícias, mãos.
Amores de seios, sedução e alimento;.
Amores de ventre, colo e ninho.
Amores de pernas, entrelaço e esteio.
Amores de pés, juntos, deitados e em pé.
Amores de encontros e reencontros,
Tão certos e possíveis para uns,
Quanto improváveis para outros.

Amores calmos e convulsos:
Da maresia que só se pressente,
De ondas que afogam
De espuma que se esvai
De areia que, arranhando, desperta.
De mergulhadores de águas profundas,
Dos que tem medo do mar.
De pequenos e grandes goles,
De “AIS” e “UAIS”
De ascetas e saltimbancos
De silêncios intransponíveis e festa
De Schubert e Cazuza
De fados e fadas.
De Maracanã e Teatro Municipal
De guerra e paz,
De guerrilha.
De sol e neblina.
De dia e noite
De quarto e rua, de esquinas
De meios-sorrisos e sonoras gargalhadas
De bilhetes rápidos e inesquecíveis poesias
De respirações que escutamos tão de perto
Daquelas que já esquecemos o ritmo.
De irradiações que tomografam a alma, processando sonhos, revelando segredos.
De pequenos e grandes gestos

De crianças e velhos
De homens e mulheres
De bibelôs e musas,
Dos namorados, dos enamorados, dos camaradas, dos antigos companheiros.
Dos amigos, dos grandes amigos, dos irmãos.

Amores,
Amores sem nome,
Amores sem firma reconhecida,
Amores sem dono
Amores que eu quis, que eu quero
Amores,
Amor.

(*) Homeostase: do grego homeostasis: tendência à
estabilidade do meio interno do organismo.

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